Alex De Barros
CHAKIÑAN. Revista de Ciencias Sociales y Humanidades / ISSN 2550 - 6722 217
Estes fenômenos são passíveis de identicação
desde as primeiras formas de organização
social, seja por meio da adaptação de ambientes
especícos para a realização de manifestações
rupestre (Finlayson & Warren 2018; Cummings,
Jordan & Zvelebil 2014), por períodos de
domesticação destas paisagens iniciadas por
processos de sedentarizarão (Fleming 2006; Lau
2010; Zedeño 2008), até a ampla modicação
destes meios, comuns as sociedades mais
hierarquizadas e com processos de urbanização
(Adams 1989; Zedeño & Bowser 2009), nos
permite armar que a relação destes grupos com
o meio vai além de uma questão econômica.
In addition to agricultural elds
and farming techniques, the Anasazi
technological repertoire included domestic
structures, storage facilities, agricultural
processing facilities, eld camps from
which wild resources and raw materials
were collected, and the tools needed for
planting, harvesting, processing, and
preparing a wide variety of foods. The
Anasazi established at least two types of
facilities on the landscape: habitation loci
and limited activity loci. Previous work
(Schlanger & Orcutt 1986) suggests that
habitation loci were used as residential
components and were the site of several
features including domestic structures,
substantial shelters for inhabitants and for
storing goods, and facilities for carrying
out personal maintenance activities
including food preparation, storage,
consumption, tool manufacture, tool repair,
and other activities associated with living
at a residential base. (Schlanger 1992:97)
Quiçá, antes mesmo de conceber a arqueologia
como ciência, este fenômeno tem sua
aplicabilidade conrmada na história do
pensamento arqueológico, do qual, temos o
período dos colecionistas e dos gabinetes de
curiosidades como uma primeira possibilidade
da aplicação das questões da paisagem.
Mediante a organização de espaços e
classicações materiais de acordo a uma
incipiente tipologia, cronologia e origem
geográca, acorre uma reconstrução em muitos
casos hipotética de uma paisagem controlada, e
outras pouco mais realistas, com a reconstrução
de espaços etnográcos contemporâneos a estas
práticas (Impey & Macgregor 2001; Trigger
2004; Figueiredo e Vidal 2013).
Mesmo que seja uma premissa meramente
ilustrativa, é possível identicar uma natural
necessidade em associar os materiais a suas
paisagens originais com o objetivo de consolidar
possíveis narrativas para esta dinâmica,
vericando uma aproximação a história da
arte, que precisamente constitui as pinturas de
paisagens ou landscape painting como gênero
artístico na Europa por volta do século XVII
(Cosgrove 1984; Gombrich 2019).
Seguindo esta sequência histórica, a prática
arqueológica do século XVIII expande
sua dimensão colecionista à grande busca
de relíquias do passado, em muitos casos,
interpretando e reinterpretando documentos
clássicos para o descobrimento (evidencia)
de cidades perdidas ou da reconstrução de
dinâmicas históricas do passado mediante
a busca e escavação de sítios mitológicos,
nascendo nesta ocasião a arqueologia clássica,
como é o caso das escavações em Herculano e
Pompeia (Rodríguez 2011).
Neste sentido, estes primeiros trabalhos também
apresentaram o conceito de paisagem atrelado
a uma representação simbólica/mitológica e
ambiental meramente descritiva dos seus locais
de origem, uma vez más vemos a representação
da historia da arte como eixo interpretativo.
Logo da breve descrição dos primeiros
momentos da pratica arqueológica amadora ou
incipiente, para o século XIX e XX, ocorre uma
ampla consolidação da ciência arqueológica em
relação as técnicas de campo e interpretações
dos contextos arqueológicos (Wheeler 1955,
1979; Woolley 1940; Kenyon 1957, 1971). Nesta
conjuntura, as ciências da terra passam a gurar
o corpus teórico e metodológico da arqueologia,
dando início a interdisciplinaridade da disciplina
junto a outras ciências, em especial da geograa
e da geologia (Vita-Finzi & Higgs 1970; Roper
1979).
No arcabouço do desenvolvimento da arqueologia
histórico culturalista, temos os primeiros intentos
de reconstrução das paisagens antigas e da