AGOSTO, 2024 (128-152)Número 23
PROPOSTA DE CLASSIFICAÇÃO
ARQUEOLÓGICA PARA A CERÂMICA
CONTEXTUALIZADA E NÃO
CONTEXTUALIZAÇÃO DA CULTURA
PURUHÁ, SERRA CENTRAL DO EQUADOR
PROPOSAL FOR ARCHAEOLOGICAL
CLASSIFICATION FOR CONTEXTUALIZED AND
NON-CONTEXTUALIZED POTTERY OF THE PURUHÁ
CULTURE, CENTRAL SIERRA OF ECUADOR
PROPUESTA DE CLASIFICACIÓN ARQUEOLÓGICA
DE CERÁMICA CONTEXTUALIZADA Y NO
CONTEXTUALIZADA DE LA CULTURA PURUHÁ,
SIERRA CENTRAL DEL ECUADOR
DOI: https://doi.org/10.37135/chk.002.23.06
Artículo de Investigación
Recebido: (25/01/2024)
Aceitado: (22/02/2024)
1Profesor Ocasional Universidad Nacional de Chimborazo, Carrera de Pedagogía de la Historia
y Ciencias Sociales, Riobamba, Ecuador, alex.alves@unach.edu.ec
2Profesora Ocasional Universidad Nacional de Chimborazo, Carrera de Pedagogía de la
Historia y Ciencias Sociales, Riobamba, Ecuador, andrea.miniguano@unach.edu.ec
3Docente Titular Universidad Nacional de Chimborazo, Carrera de Pedagogía de las Artes y
Humanidades, Riobamba, Ecuador, erios@unach.edu.ec
4Discente Universidad Nacional de Chimborazo, Carrera de Pedagogía de la Historia y las
Ciencias Sociales, Riobamba, Ecuador, arielrios121811@gmail.com
Alex Sandro Alves De Barros1,
Andrea Soledad Miniguano Trujillo2,
Edwin Hernan Ríos Rivera3,
Ariel Marcelo Ríos Segovia4
Alex Sandro Alves De Barros, Andrea Soledad Miniguano Trujillo, Edwin Hernan Ríos Rivera, Ariel Marcelo Ríos Segovia
CHAKIÑAN. Revista de Ciencias Sociales y Humanidades / ISSN 2550 - 6722
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Em um contexto local de estudos estritamente tipológicos e com a ausência manuais para o estudo da cerâmica
relacionada a cultura arqueológica Puruhá, Serra Central do Equador, vericamos a possibilidade associar a
questão teórica e metodológica à prática arqueológica, resultando na localização da produção ceramista como um
subsistema intrínseco a compreensão dos sistemas socioculturais que denem uma cultural. Com esta premissa,
este manuscrito apresenta uma proposta de classicação em arqueologia com fulcro na análise da cultura material
cerâmica contextualizada ou não contextualizada por intermédio da aplicação dos conceitos de antropologia
das técnicas e das cadeias operatórias associada às análises tecnotipológicas com o estudo de caso da produção
ceramista Puruhá. Tendo como marco metodológico o método empírico indutivo, com enfoque qualitativo que
mescla a revisão de literatura, inserção conceitual, técnica e análises, de alcance exploratório e não experimental
enquanto desenho de investigação. A proposta de classicação em arqueologia possibilitou vericar a factibilidade
e potencial de sua utilização em um contexto Puruhá, assim como sua correlação entre outros sítios, resultando em
uma leitura que permite realizar inferências sobre continuidades e mudanças culturais.
PALAVRAS-CHAVE: Classicação em arqueologia, antropologia das técnicas, cadeias-operatórias, cerâmica
arqueológica, cultura arqueológica Puruhá
En un contexto local de estudios estrictamente tipológicos y con ausencia de manuales para el estudio de la cerámica
relacionada con la cultura arqueológica Puruhá, Sierra Central del Ecuador, vericamos la posibilidad de asociar
la cuestión teórica y metodológica con la práctica arqueológica, resultando en la ubicación de la producción
cerámica como un subsistema intrínseco a la comprensión de los sistemas socioculturales que denen una cultura.
Con esta premisa, este manuscrito presenta una propuesta de clasicación en arqueología basada en el análisis
de la cultura material cerámica contextualizada o no contextualizada mediante la aplicación de los conceptos de
antropología de técnicas y cadenas operativas asociadas a los análisis tecnotipológicos con el estudio de caso de
la producción alfarera Puruhá. Teniendo como marco metodológico el método empírico inductivo, con un enfoque
cualitativo que mezcla revisión de la literatura, inserción conceptual, técnica y análisis, con un alcance exploratorio
y no experimental como diseño de investigación. La propuesta de clasicación en arqueología permitió vericar la
factibilidad y potencial de su uso en un contexto Puruhá, así como su correlación con otros sitios, resultando en una
lectura que permite hacer inferencias sobre continuidades y cambios culturales.
PALABRAS CLAVE: Clasicación en arqueología, antropología de las técnicas, cadenas operativas, cerámica
arqueológica, cultura arqueológica Puruhá
In a local context of strictly typological studies and with the absence of manuals for the study of ceramics related
to the Puruhá archaeological culture, Sierra Central do Ecuador, we veried the possibility of associating the
theoretical and methodological issue with archaeological practice, resulting in the location of ceramic production
as an intrinsic subsystem understanding the sociocultural systems that dene a cultural. With this premise, this
manuscript presents a proposal for classication in archeology based on the analysis of contextualized or non-
contextualized ceramic material culture through the application of the concepts of anthropology of techniques and
operational chains associated with techno-typological analyzes with the case study of production Puruhá potter.
Having as a methodological framework the inductive empirical method, with a qualitative approach that mixes
literature review, conceptual insertion, technique and analysis, with an exploratory and non-experimental scope
as a research design. The proposed archeological classication allowed us to check the feasibility and potential
of its usage in a Puruhá setting, as well as its linkage with other sites, yielding a reading that allows us to draw
conclusions regarding cultural continuities and changes.
KEYWORDS: Classication in archaeology, anthropological techniques, operational chains, Archaeological
ceramics, Puruhá archaeological culture
RESUMO
RESUMEN
ABSTRACT
PROPOSTA DE CLASSIFICAÇÃO ARQUEOLÓGICA
PARA A CERÂMICA CONTEXTUALIZADA E NÃO
CONTEXTUALIZAÇÃO DA CULTURA PURUHÁ,
SERRA CENTRAL DO EQUADOR
PROPOSAL FOR ARCHAEOLOGICAL CLASSIFICATION FOR
CONTEXTUALIZED AND NON-CONTEXTUALIZED POTTERY OF
THE PURUHÁ CULTURE, CENTRAL SIERRA OF ECUADOR
PROPUESTA DE CLASIFICACIÓN ARQUEOLÓGICA DE
CERÁMICA CONTEXTUALIZADA Y NO CONTEXTUALIZADA DE
LA CULTURA PURUHÁ, SIERRA CENTRAL DEL ECUADOR
PROPOSTA DE CLASSIFICAÇÃO ARQUEOLÓGICA PARA A CERÂMICA CONTEXTUALIZADA E NÃO
CONTEXTUALIZAÇÃO DA CULTURA PURUHÁ, SERRA CENTRAL DO EQUADOR
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INTRODUÇÃO
Entendendo a arqueologia como uma ciência interdisciplinar, que
tem como fulcro a compreensão sociocultural dos grupos humanos a
partir do estudo da cultura material, seus contextos e sua relação com
a paisagem (De Barros, 2018; 2022), temos a cerâmica arqueológica
como um relevante marcador cultural.
O estudo da cerâmica arqueológica possibilita inferências sobre
mudanças e continuidades culturais, transformações na forma de
assentar-se e de explorar o meio ambiente (Gordon, 1966), ou mesmo
de questões mais intrínsecas ao universo simbólico, presentes na
forma, nas técnicas de confecção que passam de geração em geração
e na decoração dos utensílios cerâmicos, indicando possíveis contatos,
intercâmbios, e relações de poder entre dominador e dominados e seus
sistemas de crenças (Alves, 2010, Silva, 2017; Moreira, 2019).
... devemos indicar o potencial interpretativo que a cerâmica
apresenta. Se, por um lado, grande parte dos utensílios cerâmicos
está relacionada a funções cotidianas coletivas (como o preparo
de alimentos, cozimento e estocagem), pode estar igualmente
vinculada a usos especícos e restritos a determinados grupos
de indivíduos (como o comércio e/ou troca de bens, rituais,
etc.). Assim, uma vez que a cerâmica pode estar relacionada
a contextos distintos, permitiria acesso a fenômenos culturais
diversicados. (González, 1998, p. 287)
A partir das questões apresentadas, independente da premissa, escola
ou agenda teórica arqueológica, a questão diacrônica e sincrônica dos
sítios arqueológicos e sua materialidade sempre versarão sobre espaço
e tempo, ou seja, onde este material foi evidenciado, o espaço, e a
temporalidade a qual pertence. Neste contexto a cerâmica se destaca por
sua presença em todos os contextos culturais humanos (com exceção da
Australia Pré-Colonial) (González, 1998).
Tendo a problemática da classicação cerâmica em arqueologia,
apresentamos como objeto de estudo a produção ceramista relacionada
a Cultura Arqueológica Puruhá (300 1532d.C), com presença
majoritária na Provincia de Chimborazo, Serra Central do Equador e
evidenciadas esporadicamente em contextos situados em províncias
adjacentes como Bolívar, Cotopaxi e Tungurahua.
Enquanto a dinâmica temporal, os puruhás comumente são associados
ao período Pré-Colonial ameríndio denominado pela arqueologia
equatoriana de Desenvolvimento Regional (300 a.C 400 d.C),
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Integração (400 1500/1532 d.C) e da presença Incaica no território
a partir segunda metade do Século XV até a chegada do elemento
colonizador europeu (Ayala, 2018; Porras e Piana, 1976, Ontaneda,
2010), fazendo necessária a observação que ocorre uma marcada
ausência de datações absolutas para a materialidade Puruhá.
As datações absolutas para a região dizem respeito ao período Formativo
Tardio (anterior ao período de Desenvolvimento Regional), oriundos
das escavações promovidas pela arqueóloga Laurie Beckwith no tio
Collay, Cantón Riobamba, onde foi possível datar por radiocarbono um
complexo contexto tafonômico de diferentes extratos relacionados a
fragmentos cerâmicos e de outros materiais.
Não obstante, para estes extratos a análise da cultura material promovida
pela autora permitiu apenas identicar a presença de marcadores
culturais e estilísticos comuns a produção cerâmica de outras culturas do
Formativo da Serra Central e Sul do Equador, sem qualquer indicativo
de relação com a manufatura da cultura em explanação (Beckwith,
2018).
Os puruhás foram caracterizados como Senhorios Étnicos (cacicados
ou chefaturas), com domínio da agricultura andina e das áreas de
contraforte de cordilheira, intensos sistemas de intercâmbio entre
as diferentes zonas biogeográcas do país, Costa, Serra e Amazonia
(oriente), monumentalidade e estraticação social político-territorial
(Ontaneda, 2010), evidenciada pela presença de diferentes contextos
mortuários que variam dos mais simples com presença de vasilhames
cerâmicos, a aqueles com acompanhamento material em metais
preciosos e outras matérias primas exógenas a área de estudo (Ontaneda
e Fresco, 2002; Díaz, 2006).
Uma das principais problemáticas do estudo desta cultura arqueológica
é a dependência das crónicas ou fontes etnográcas, em especial
aquelas associadas ao período da Conquista e Colonial promovidos
pelos grupos culturais do velho mundo (Cieza de León, 1557/2005) e
a ausência de estúdios sistemáticas no campo da arqueologia (como
veremos mais adiante).
No primeiro caso ocorre uma singular limitação em relação ao objetivo
e objeto das observações promovidas, assim como da marcada barreira
imposta pela capacidade do observador em descrever a alteridade local
e da subjetiva crença de que os fenômenos socioculturais registrados
no momento do contato devem corresponder as dinâmicas do passado,
onde fazemos uma alusão ao conceito de núcleos duros de cultura e
seus processos de transformação (López e López, 2010).
Enquanto a ausência de estudos sistemáticos, ao levar em consideração
uma discussão com cerne na ciência arqueológica e em especial
no âmbito de desenvolvimento da Arqueologia Americana (Miller,
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2019), a proposição de uma análise inter-sítio a nível regional para
a compreensão de uma cultura arqueológica deve ser precedida por
inúmeras observações e correlações intrassítios, com um mínimo de
coesão em relação as técnicas de análise da cultura material e seus
contextos.
Desta feita, a proposta de classicação em arqueóloga aqui apresentada
conta com diferentes problemáticas, partes delas está relacionada
com a ausência de estudos intensivos e extensivos sobre a Cultura
Arqueológica Puruhá, se não aqueles realizados de maneira empírica
por Jacinto Jijon y Caamaño (1927, 1997) durante o início do século
XX e a não sistematização de uma metodologia em comum para os
estudos da cultura material cerâmica.
Sem embargo, esperamos que este manuscrito possa proporcionar uma
compreensão sobre a problemáticas da classicação em arqueologia e
ao ter como referência revisões bibliográcas, proposição conceitual,
metodológica e de técnicas analíticas, permita orientar jovens
investigadores que participem dos projetos relacionados a este estudo,
a criar mecanismos de compreensões intrassítio, para uma futura
correlação inter-sitios a nível regional onde a cerâmica será entendida
tanto como elemento de forma, tipo e estilo, tanto como técnica, matéria
prima e cadeias operacionais de manufatura, uso, destruição, descarte
e um possível reuso. Esta proposta de análise estar emoldurada com
a nalidade de propor inferências mudanças e continuidades culturais
sobre a forma de vida e as dinâmicas socioculturais dos grupos, contextos
e sistemas de assentamentos associados a cultura arqueológica Puruhá.
METODOLOGÍA
Com os prolegômenos a pouco apresentado e a título estruturação
metodológica, esta proposta de classicação em arqueologia foi
arranjada de maneira dialógica em dois diferentes momentos, das
quais iniciamos com uma caracterização das produções bibliográca
relacionadas as investigações realizadas na área nuclear de estudo,
objetivando identicar os diferentes métodos e técnicas (em certos
casos ocorre sua ausência) aplicados a caracterização dos conjuntos
cerâmicos puruhás. Em um segundo momento, apresentamos os
conceitos antropologia das técnicas e das cadeias operatórias, assim
como a técnica analítica da tecnotopologia que foram adaptados junto
a cultura material e sua dinâmica enquanto índice dos subsistemas que
compõem um sistema sociocultural.
As premissas teóricas propostas para esta classicação se encontram
no âmbito das postulações da produção intelectual da escola sociologia
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francesa no campo da arqueologia, e enquanto interpretação de dados à
arqueologia processual, onde o conceitos da antropologia das técnicas
terá como principais autores Fogaça (2003) e Pomedio (2018), e das
cadeias operatórias com Alves (2010), Alves, Goulart, e Andrade (2013),
De Barros (2018), Leroi-Gourhan (2002a e 2002b), Moreira (2019) e
Zuse et al. (2020), associada às análises tecnotipológicas, sendo Alves
(1988, 2010), Morais (1987) e Vialou (2009) como principais autores.
Este arranjo analítico faz corpo a proposta teórica e metodológica para
o estudo da cultura material utilizadas pelo projeto de investigação
denominado Laboratorio Interdisciplinar de Estudios Humanos,
Paisajes y Saberes Ancestrales, LabIEHPSA – UNACH, Equador.
Como paradigma, organizamos este estudo a partir do método empírico
indutivo, com enfoque qualitativo que mescla a revisão de literatura,
inserção conceitual, técnica e análises, com alcance exploratório e
desenho de investigação não experimental, ao tratar-se de uma proposta
a nível de formulação teórica e metodológica aplicados a proposta
de estudo (Hernández et al., 2014). Os dados foram organizados no
programa Microsoft Excel.
É importante ressaltar que este estudo se apresenta a nível de proposta
classicatória que permitirá denir os padrões de classicação em
arqueologia com fulcro nos materiais cerâmicos, possibilitando que
esta materialidade seja interpretada além das tipologias, para uma
interpretação sistemática onde tecnologias, métodos de manufatura,
gestos, tipos, formas e mensurações permitirão chegar a compreensão
de possíveis continuidades de mudanças culturais enquanto fenômenos
socioculturais em escala temporal e espacial.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
CLASSIFICAÇÃO EM ARQUEOLOGIA E O ESTUDO
DE CASO PURUHÁ
Quiçá antes mesmo dos estudos das indústrias líticas e a caraterização
de períodos macros para os contextos do velho mundo (paleolítico,
mesolítico e neolítico) e em tempos em que arqueologia não era
entendida como uma ciência, se não uma prática de recolecção de
materiais com sua possível localização no espaço e tempo (Bicho,
2012), a cerâmica arqueológica sempre teve papel central no que
concerne ao entendimento das dinâmicas sociais e a compreensão de
períodos históricos das culturas clássicas (Bianchi, 1982).
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Com esta premissa, a problemática da classicação em arqueologia,
em especial da cerâmica arqueológica foi utilizada em diferentes
perspectivas na história do pensamento arqueológico. Nos períodos
especulativos da arqueologia que englobam o colecionismo e a
arqueologia clássica (descritiva) temos um viés classicatório levando
em consideração as formas, localizações geográcas (e não contextuais)
e a tipologias em uma inserção estratigráca que possibilitaria sugerir
sua temporalidade. A iconograa representa narrativas históricas e a
cerâmica encontra-se como importante indicador conrmador destas
narrativas, levando em consideração a utilização de fontes documentais
que citam os locais onde estão situadas as culturas clássicas em África,
Europa e em especial no Oriente Médio.
Com um segundo momento ontológico da arqueológica, esta já
entendida como uma ciência, verica-se a implementação dos métodos
de campo e conceitos teóricos com o início do Histórico Culturalismos,
seguido pela Arqueologia Processual e Pós-Processual, ocorrendo uma
sistemática mudança no que diz respeito a uma classicação sistemática
dos conjuntos cerâmicos (Arguello, 2021), que variam desde as
seriações, muito difundidas no contexto americano, às propostas sobre
os estudos tecnológicos e das cadeias operatórias.
Apesar deste contexto variado, é muito comum identicar nos
trabalhos contemporâneos relacionados ao estudo da cultura material
cerâmica ou de coleções arqueológicas musealizadas com o viés do
caramiquismos, ou seja, estudos que levam em consideração apenas
indícios culturais por meio da tipologia e a localização estratigráca
(ou não) dos materiais, sem associá-las as problemáticas humanas
e socioculturais, como as cadeias de produção ou os processos de
intercambio. É o estudo do objeto pelo objeto e uma incansável busca
de possíveis indicações de sequencias evolutivas no tempo e espaço, é
a tipologia pela tipologia e a ânsia de criar etapas ou períodos culturais.
A classicação em tipos logo se mostrou, entretanto, insuciente,
considerando a grande diver sidade de variáveis que a cerâmica
apresenta. Isto levou à adoção do conceito de “variedades”
(Krieger, 1944; Giord, 1960) ou de outras classicações como
seqüências, séries, sistemas cerâmicos ou modos (Orton et al.,
1995:12; Rouse, 1960; Whallon, 1972). (González, 1998, p.
287)
No contexto equatoriano, em especial para a área Puruhá, adjunto ao
exemplo anterior apresentado, temos as análises feitas como tradição
de aprendizado ou não especializadas (Arguello, 2021), sem citações
de autores de onde proveem os conceitos ou a nalidade que não seja
a de ordenar os conjuntos cerâmicos.
Em muitos casos estas discrepâncias se dão pela atuação inicial da
arqueologia (Delgado, 2010), realizada por empíricos sem formação
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relacionada à arqueologia e durante o século XXI pela apropriação
do estudo da cultura material por outras áreas do conhecimento, com
destaque as disciplinas da História Antiga, a Pré-História, a História
da Arte ou mesmo a História, criando uma licença quase poética para
o uso dos conceitos e métodos da arqueologia por outras ciências,
inevitavelmente atingindo objetivos distantes aos que propõe esta
ciência.
Estas discrepâncias possivelmente têm suas origens relacionadas
a distribuição de licenças prossionais de arqueólogos para
investigadores com formação exógena à arqueologia, seja a nível
de graduação ou pós-graduação. Hoje em dia, com a mudança na
legislação nacional (Ecuador, 2017) e com a atuação das universidades
nacionais que promovem a formação de prossionais da Arqueologia
em diferentes perspectivas teóricas, com destaque as carreiras de
licenciatura arqueologia da ESPOL (Escuela Politécnica del Litoral)
e das formações em Antropologia com menção em Arqueologia da
PUCE (Pontifícia Universidad Católica del Ecuador) e a Univesidad
San Francisco de Quito, este panorama está ganhando novos ares e a
ciência arqueológica alcança a prática necessária, ademais dos comuns
problemas da disciplina, como a falta de investimento público, a pouca
valorização dos prossionais e a realidade depredatória do mercado de
trabalho (Delgado, 2010).
Para a problemática de estudo da cerâmica Puruhá, existe uma
complexa situação dos estudos que encargam a cerâmica como cerne
das investigações. Em comparação com a Serra norte e Sul do Equador,
para porção central da cordilheira equatoriana ocorre uma marcada
ausência datações absoluta, seja por meio de um contexto com C14 ou
da termoluminescência. Assim como chama a atenção a ausência de
estudos sistemáticos que permitam correlacionar acervos e contextos e
uma metodologia em comum, resultando em uma ímpar compreensão
fragmentada desta cultura arqueológica.
A arqueologia equatoriana segue caminhos muito parecidos com os
demais países da América do Sul com a presença de Betty Meggers,
a Ecologia Cultural e utilização do Method and Theory in American
Archaeology (Willey e Phillips, 1963) em sua formação enquanto
ciência, tendo as culturas arqueológicas divididas entre fases culturais
e culturas arqueológicas. O conceito de tradições e horizontes culturais
foi pouco aplicado ou difundido entre os investigadores no processo
da postulação do corpus teórico nacional e no desenvolvimento das
pesquisas posteriores (Meggers et al., 1977).
Enquanto a cerâmica Puruhá, os estudos podem ser divididos entre
aqueles realizados pelos prossionais com alguma formação em
arqueologia e aqueles com formação em diferentes áreas e empíricos.
O primeiro estudo sistemático da cultura Puruhá no Equador remonta
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ao investigador empírico Jacinto Jijón y Caamaño, que junto a
orientação de Max Uhle realiza importantes estudos na província
de Chimborazo, em especial nos Cantonês de Riobamba e Guano
(Guano é de onde provém as peças que receberão as propostas de
classicação neste manuscrito) entre os anos de 1918 e 1919. Os
trabalhos de escavações no Canton Guano resultaram na delimitação
de 4 diferentes períodos de ocupação, período Tuncahuan, Sebastián o
Guano, Elempata y Huavalac (Jijón y Caamaño, 1927, 1997), sendo os
três últimos estritamente relacionados a manufatura Puruhá.
Estes períodos foram organizados a partir de suposições em relação
a localização estratigráca de onde os materiais e contextos foram
evidenciados e a uma tipologia não sistemática. É necessário levar
em consideração a limitação conceitual e das técnicas analíticas de
seu tempo, onde hoje podemos ter um melhor panorama a partir de
análises revisões conceituais dos estúdios de Jijón y Caamaño ou
mesmo da realização de novos estudos.
La clasicación cerámica realizada por jijón y Caamaño, basada
em el material procedente de sus excavaciones efectuadas entre
1918 y 1919, es la única que aún tiene validez para el área, pues
no se ha realizado hasta ahora una investigación sistemática
que enfrente en su conjunto la problemática Puruhá. Cierto
es que se han realizado investigaciones de sitios especícos,
como por ejemplo em Tunshi, Cebadas o Achupalla, pero nada
que englobe a otros sitios donde se tiene reportados materiales
puruháes, producto de excavaciones clandestinas, las cuales
van a formar parte de colecciones privadas e institucionales,
que lamentablemente no cuentan con un verdadero registro de
su procedencia y peor del contexto en que fueron hallados.
(Ontaneda e Fresco, 2002, p. 21)
Os principais contextos que caracterizaram estes períodos ou fases
são os poços funerários (gura 1), podendo ser compostos por um
único corpo humano, diversas vasilhas cerâmicas, objetos em metais,
conchas e alimentos (micro-vestígios), e poucos sítios caracterizados
como de assentamentos e áreas atividades sociais.
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Fonte: Jijón y Caamaño (1927, p. 109).
Figura 1. Contextos funerário Puruhá escavados no Cantón Guano,
Chimborazo, Equador.
Outra importante contribuição ao conhecimento arqueológico local diz
respeito aos estudos em áreas adjacentes ao núcleo Puruhá e revisões
promovidas pelo arqueólogo Padre Pedro Porras, ademais de sua
contribuição ao corpo teórico equatoriano. Para o contexto Puruhá
ocorre a assignarão de fases culturais intrínsecas a uma tradição regional,
a correlação entre esta cultura arqueológica com outras culturas e áreas
adjacentes (Porras e Piana, 1976).
Neste período, não avanços sistemáticos no que diz respeito a
compreensão das dinâmicas sociais Puruhás, se não revisões dos
trabalhos de Jijón y Caamaño e tipologias de cerâmicas oriundas de
prospecções.
As posteriores investigações ocorrem somente no nal do século XX
e início do século XXI, com os trabalhos relacionados a prossionais
com formação em arqueologia no âmbito de resgates arqueológicos
promovidos por órgãos do governo como o INPC e demais relacionados
a arqueologia preventiva (Díaz, 2006; Vargas e Castillo, 2015; Camino,
2023; Beckwith, 2018), e da investigação acadêmica promovida por
universidades com carreiras na área da arqueologia (Sanchés, 1993;
Vásquez et al., 2023; Yépez, 2014; 2015).
No campo dos estúdios da cultura material sem relação com a formação
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em arqueologia, ocorrem trabalhos de tipologia (ausência de marcos
teóricos classicatórios) e periodizações especulativas da cultura
material cerâmica oriunda de prospecções não sistemáticas e sem a
preposição de correntes ou modelos em arqueologia, possivelmente
associados a área da História Antiga (Carretero, 2016, Carretero
e Samaniego, 2017; Carretero et al., 2023), do campo das Ciências
Sociais (Egas, 2022), este contanto com a ausência de correntes e
escolas arqueológicas, más com citações de manuais e autores clássicos
sobre classicação em arqueologia, e por m até aqueles estudos com
caráter esotérico (Uzcategui, 1982).
Com a última periodização apresentada, para os trabalhos relacionados
aos prossionais com formação em arqueologia ocorre um exímio
avanço no que diz respeito a compreensão das paisagens ocupadas
(padrões de asseamentos), tecnologias de manufatura e das tipologias
gerais no esquema intrassítio.
Enquanto para os estúdios exógenos a teoria arqueologia, sem sombra
de dúvidas as tipologias apresentadas corroboram para o conhecimento
da área em estudo, sem embargo, a ausência da padronização e dos
conceitos e métodos da ciência arqueológica inviabilizam qualquer
preposição de correlações. Está problemática se conrma com ausência
da citação e invisibilidade deste tipo de produção de conhecimento ao
panorama da arqueologia regional.
É importante ressaltar que em áreas adjacentes temos panoramas muito
diferentes, como é o caso da área arqueológica Cañari situada na porção
ao sul da área Puruhá, contanto com inúmeras datações absolutas e
estudos sistemáticos (Idrovo, 2000) e a utilização do enfoque tecnológico
para o estudo da cerâmica arqueológica e contemporânea (Lara, 2020).
A CERÂMICA PURUHÁ
Esta produção ceramista caracteriza-se pela presença de diferentes
tipologias de vasilhames, guras e demais objetos, em sua maioria
conhecidas pelas formas que englobam elementos antropomorfos
e decorações com incisões geométricas, pintura negativa e engobos,
sendo possível encontrar também a presença de formas e iconograas
das culturas que as cercaram, assim como de áreas mais exógenas como
à Amazônia e a Costa equatoriana (Ontaneda e Fresco, 2002; Banco
Central del Ecuador, 2006; Ontaneda, 2010).
Levando em consideração a produção ceramista mais característica
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e estudada da cultura ou tradição Puruhá, temos as fases ou estilos
tecnológicos de Guano o San Sebastian, Elenpata e Huavalac em relação
a suas formas e decoração com as seguintes características:
Estilo ou fase de Guano o San Sebastián: Panelas trípodes com pês ou
patas alongadas, retorcidas e em com decoração toformes, globulares
ou carenadas, tigelas de base plana, em formas de cabeça humana,
características faciais em relevo. cântaros com rosto humanos na parte
superior e com passe plana, cântaros ou compoteras de tipo taca ou
quero.
As principais decorações são as de pinturas negativas, incisões, a coiled
(incisões horizontais sobrepostas), impressões circulares de tipo canudo
e diferentes tipos de asas, apliques e decorações plásticas (Jijón y
Caamaño, 1927, 1997; Porras e Piana, 1976; Ontaneda e Fresco, 2002).
Estilo ou fase Elenpata: Cântaros antropomorfos, panelas pequenas
com pescoço cilíndrico, compoteras com pedestal de paredes, duplas
ou germinadas (unidas pelo lábio), panelas trípodes com pés ou patas
curtas e tigelas semiesféricas. As decorações são similares as da fase
anterior, com a presença das pinturas negativas, incisões geométricas
e circulares em forma de canudo, com a adição das pinturas zonais
marcadas pelas linhas incisas. Neste período ocorre a adição plástica de
alças com iconograa antropomorfas e zoomorfas (Ontaneda e Fresco,
2002).
Estilo ou fase Huavalac: Panelas trípodes com pês ou patas alongadas
com decoração toformes, tigelas de base plana com base tipo de
em forma de V, tigelas semiesféricas, panelas esféricas sem pescoço,
cântaros de pescoço cilíndricos e corpo globular, a continuidade do
uso dos cântaros antropomorfos e com base plana, colheres com alça
e guras antropomorfas. A decoração segue com as pinturas negativas,
pinturas em linhas vermelhas, incisões de diferentes características
horizontais e verticais. Em certos contextos a presença tipologia e
iconográca incaica se faz constante (Jijón y Caamaño, 1927, 1997;
Porras e Piana, 1976; Ontaneda e Fresco, 2002).
PROPOSTA DE CLASSIFICAÇÃO E CONCEITOS
Levando em consideração a necessidade de associar a teoria a prática
arqueológica, se faz fundamental a aplicação de conceitos teóricos e
métodos as análises. Sem embargo, o estudo da cultura material pode
ser realizado por diferentes áreas do conhecimento, e levando em
consideração as dinâmicas culturais das sociedades humanas, a produção
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CONTEXTUALIZAÇÃO DA CULTURA PURUHÁ, SERRA CENTRAL DO EQUADOR
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material está presente em todas estas atividades sociais, desde as mais
comuns do cotidiano até as mais complexas e simbólicas, podendo ser
verica de maneira individual, mas quase sempre de maneira coletiva.
Entendo a versatilidade e presença da cultura material nos diferentes
contextos de atividades humanas, cada ciência tem a sua forma de
compreensão e de interpretação deste recurso, em especial no campo
nas ciências históricas, como é o caso da Arqueologia. Desta feita,
se faz intrínseca a realização de uma análise que possa ultrapassar as
básicas tipologias pela nalidade de ordenar objetos, se não, para dar
signicado ou compreender problemáticas sociais as quais os materiais
de produção cultural humana se encontram em contexto. A cultura
material não é a totalidade do contexto, se não, faz parte integral de um
subsistema social, e deve ser entendida como inerente a esta dinâmica
(Clarke, 1984).
La cultura material constituye un subsistema informativo
constelado de artefactos que denen las pautas de
comportamiento de un sistema sociocultural y expresan la
tecnología de dicho sistema. La información es transmitida por
la pauta o por la estructura coherente, y pauta es sinónimo de
atributos conexos (p. 114).
Para esta dinâmica propomos a utilização de dois conceitos utilizados
por diferentes escolas e agendas da arqueologia contemporânea, como
é o caso da compreensão de uma antropologia das técnicas e as cadeias
operatórias, que serão intermediadas pela análise tecnotipologica.
A antropologia das técnicas é uma marcada concepção da proposta
francesa para o estudo arqueológico, em especial aquelas vinculadas a
Escola Sociológica Francesa, como é o caso das discussões aplicadas
por Leroi-Gourhan a partir década de 40 do século XX (2002a e
2002b). A técnica é concebida como o elemento cultural que passa de
geração a geração, intrínseca ao modo de fazer as coisas, e que permite
realizar objetivos técnicos que respondem as necessidades humanas nos
contextos sociais.
A partir destes pressupostos, pretendemos entender o fenômeno
técnico a partir de duas diferentes premissas, a primeira ligada
à concepçäo da técnica como expressão da cultura, esta útil a
entendermos a técnica como elemento constituinte da cultura,
o que nos permitirá criar hipóteses sobre as distintas funções
dos sítios, estratégias de mobilidade e demais elementos que
liguem as produções dos instrumentos como diretamente
relacionados a adaptabilidades das populações que os produziram
com o meio, enquanto a
segunda proposta diz respeito ã
compreensäo do “saber-fazer” destas populações,
entendendo
tal fenômeno como constituinte da cultura, permitindo vericar
conhecimentos
técnicos transmitidos de geração em geração de
Alex Sandro Alves De Barros, Andrea Soledad Miniguano Trujillo, Edwin Hernan Ríos Rivera, Ariel Marcelo Ríos Segovia
CHAKIÑAN. Revista de Ciencias Sociales y Humanidades / ISSN 2550 - 6722
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forma sistematica. (De Barros, 2018, p. 40)
Segundo Fogaça e Boëda (2006), a técnica é interface indispensável
da relação entre os seres humanos e o ambiente, sendo a técnica
o instrumento que permite compreender esta relação entre os
conhecimentos compartidos entre os grupos culturais humanos, os
comportamentos sociais e econômicos e possíveis continuidades e
transformações na relação ao espaço tempo. Sobre sua origem, Marceu
Maus apresenta a necessidade de compreender os processos e momentos
de fabricação dos objetos, julgado esta premissa com necessária para
a compreensão das escolhas materiais e técnicas como fenômenos
socioculturais (Mauss, 1974).
A partir desta problemática, Leroi-Gourhan (2002a e 2002b) introduz o
conceito de chaînes opératoires nas análises tecnológicas em contextos
arqueológicos de grupos caçadores-coletores e permite compreender
que a técnica de produção material é ao mesmo tempo gesto, ferramenta,
função e dinâmica social. As séries operatórias respondem a esquemas
mentais para a produção dos objetos técnicos, ao mesmo tempo que
são sequencias necessárias para produzir os objetos, podem conter
elementos de transformações, contados culturais, adaptações novas
ambientes e até o desaparecimento das culturas (Alves, 2010; Moreira,
2019).
O uso do conceito de cadeia operatória também se faz importante
pelo fato de que ele é capaz de discutir o próprio domínio
social em que os objetos são produzidos, uma vez que gura no
diálogo entre o corpo e o mundo social e a material a sua volta.
Objetos não são criados por si mesmo, mas por pessoas, que
realizam suas atividades em conjunto com outras pessoas, em
determinados ambientes, o que possibilita a criação de novas
relações pessoais, sociais e de solidariedade, inuenciando
desta forma nas escolhas técnicas. (Moreira, 2019, p. 40)
A técnica de análise elegida para este estudo é a tecnotipologia, da
qual engloba elementos da tecnologia de manufatura para o estudo da
cultura material, assim como suas tipologias e morfologias. A denição
de tecnotipologia perpassa o entendimento dos desenhos mentais, em
nosso estudo de caso, das formas e tipologias cerâmicas, e permite
identicar o raciocínio sistematizado da cultura enquanto elemento
padronizador da forma de fazer e das relações socioculturais. Estes
elementos serão distribuídos entre classe macros e atributos oriundos
destas classes.
Segundo Alves (1988) a análise tecnotipologica deve contemplar
diferentes atributos que tangem dados sobre sua cadeia operatória
de produção, tecnologia, tipos e formas, que a sua vez permitirão
sua caracterização enquanto produto de desenhos mentais que são
transmitidos de geração a geração.
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- Técnica de manufatura (ou montagem);
- Acabamento de superfície: Alisamento e polimento:
- Presença ou ausência de decoração: Tipos com incisões,
pressões, pressões-incisões, relevos, pinturas, engobo, lisa,
polida;
- Formas (base, corpo, bordos e lábios). (p. 157)
Com esta premissa, e adaptando ambos os conceitos apresentados ao
nosso problema de estudo, a produção ceramista dos grupos Puruhá, em
muitos casos pode ter suas formas e tipos relacionados a outras culturas
de seu espaço e tempo, levando em consideração as dinâmicas de
grupos hierarquizados e o intensivo comercio e modismos culturais que
esta forma de se organizar acarreta. Assim, o que vai permitir identicar
a produção Puruhá sem sombra de dúvidas será a caracterização das
técnicas de produção e das cadeias operatórias relacionadas a este
processo. Os materiais de produção local (não de dúvidas da
presença de materiais importados de outras áreas e culturas do país)
apresentarão dinâmicas das técnicas locais e estarão presentes nas
cadeias de produção presentes na paisagem local.
Levando em consideração a necessidade de conhecer melhor o acervo
e a materialidade geral da cultura Puruhá, realizamos um levantamento
bibliográco para identicar as principais tipologias que poderiam
facilitar a triagem inicial dos conjuntos e dos elementos indicativos
como as bases, bordos, lábios, pescoços e apêndices (gura 2).
Fonte: Elaborado por De Barros, baseado en Echeverría (2011);
Arguello (2021); Aguaisa (2022)
Figura 2: Principais tipologias cerâmicas da área Puruhá e
adjacências
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A proposta de classicação levou em consideração as indicações
apresentadas pelos arqueólogos Dr. Glauco Constantino Perez e Dr.
Leandro Elias Canaan Mageste no âmbito da disciplina assistida no
Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, São
Paulo, Brasil (segundo semestre de 2023), denominada Classicação em
Arqueologia e análise de cerâmica arqueológica: processos e métodos
para compreender a mudança cultural, assim como com o apoio da
publicação denominada Classicação em Arqueologia de Robert C.
Dunnell (2007).
Estas premissas também contaram com a adição de manuais de
classicação em arqueologia e teses dissertações sobre a temática
(Arguello, 2021; Orton et al., 1993; Moreria, 2019; Silva, 2017;
Rice, 1987). Este estudo pretende apresentar uma análise que possa
caracterizar elementos formais das peças a analisadas, assim como
identicar possíveis cadeias operatórias de produção (Leroi-Gourhan,
2002a, 2002b), ambos associados ao conceito de antropologia das
técnicas.
A classicação levou em consideração cinco diferentes classes, das quais
teremos: dados do sítio ou origem das peças, medições, tecnologia e
cadeia operatória, decoração e descrição tipológica, que a sua vez, serão
seguidas pela assinação de atributos relacionados as classes matrizes
(Tabela 1).
Tabela 1: Organização das classes e atributos para a classicação
cerâmica
Os atributos levaram em consideração a bibliograa de referência
e uma primeira visualização levando em consideração a visita a
diferentes acervos musealizados distribuídos pelo país, como é o caso
do Museo Arqueológico Paquita de Jaramillo da Casa de la Cultura de
Chimborazo, Província de Chimborazo, Museo Jacinto Jijón y Caamaño
de la Ponticia Universidad Católica de Quito, Pichincha e o Museo de
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las Culturas Aborígenes de Cuenca, Provincia de Azuay.
Mesmo que ocorra a ausência de estudos sistemáticos ou manuais para
a cerâmica Puruhá, levamos em consideração a produção de áreas e
culturas adjacentes, pois os períodos as quais a cultura Puruhá está
associada, o Desenvolvimento Regional, Integração e Incaico são
marcadas pelo intenso modismo e intercâmbio entre estes grupos no
espaço e tempo.
Entendemos que ao analisar estas classes em relação ao material
cerâmico, será possível identicar possíveis variabilidades que
possibilitação correlações entre diferentes acervos, assim como inferir
dados sobre sua confecção com análise de elementos técnicos e da
cadeia operatória de produção, tafonomia de deposição e possíveis
elementos pós deposicionais em relação a dimensão dos fragmentos.
Os dados sobre localização e origem das peças possibilitarão identicar
padrões de sítio. Contextos funerários seguramente apresentarão
cerâmicas mais bem elaboradas e ricas em decorações e apêndices,
enquanto os contextos residências ou de atividades do cotidiano
apresentarão um padrão mais simples. Uma variabilidade material
evidenciada em contextos em comum pode indicar possíveis marcadores
étnicos, estrato social e dinâmicas de poder, ou mesmo possíveis
mudanças e continuidades culturais. As marcas de uso também serão
fundamental elemento para identicar padrões de uso, circulação e
descarte.
O registro com desenho técnico das peças é de elementar importância
para poder identicar padrões decorativos, uma vez más possibilitando
a correlação com outros acervos e a possíveis questões funcionais
e estilísticas intrínseca as dinâmicas socioculturais, levando em
consideração os modelos de organização social Puruhá caracterizada
como Senhorios Étnicos independentes, e possíveis variabilidades
podem signicar padrões de etnicidade (Poutignat e Strei-Fenart,
2011). As peças seguem o padrão de desenho em escala original,
representação das superfícies externas e internas, perl do borde e
lábio, assim como as medidas em ábaco para as reconstruções de forma
e função (Arguello, 2021).
Como ocorre a ausência de datações absolutas para a área de estudo,
vamos nos ater apenas a classicação dos tipos e a técnica de produção,
para quando ocorra a possibilidade econômica para a realização
termoluminescências, LOE ou C14 para contextos, será possível com
precisão delimitar estas manifestações técnicas no tempo.
Entendemos que as datações relativas são instrumentos básicos para
a caracterização de acervos, mas desde que ocorra datações absolutas
para esta correlação, se não, faremos apenas especulações, das quais,
geram mais confusões do que certezas para a compreensão regional
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das ocupações humanas, ainda mais quanto temos em questão acervos
musealizados, não contextualizados e com pouca informação de
procedência.
Os atribuídos das peças devem situadas em um banco de dados de Excel,
que logo permitiram realizar inferências estatísticas sobre as dinâmicas
deste acervo (Figura 3).
Figura 3: Tabela de Excel gerada paro o estudo.
Por m, para uma fase posterior, esperamos aplicar dados estatísticos
e de índices de similaridades, clusters, objetivando proporcionar
métodos analíticos que permitam analisar diferentes tipos de acervos
com procedência ou não, com disparidade de quantidade de peças, ou
mesmo incluir acervos musealizados em um banco de dados que
permita uma análise em estala regional.
CONCLUSÕES
Esta proposta de classicação permite evidenciar variabilidade em
relação as formas, decorações e tipologias, e mais precisamente para a
problemática Puruhá, ca clara a presença de três diferentes padrões em
relação a produção ceramista. A primeira delas diz respeito a produção
arqueológica tradicional da cultura Puruhá, com um segundo panorama
associado as técnicas e cadeia operatória de produção Puruhá mas com
a presença de inovações técnicas, em especial aquelas associadas as
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formas e tipos, como é o caso da Inca (Cuzco o imperial), más com uma
marcada tecnologia e cadeia operatória Puruhá. Este padrão corrobora
com a informação etnohistórica sobre a presença Inca na área Puruhá.
Por m temos a presença do elemento colonizar europeu, com um
padrão exógeno em relação as formas, tipos e decorações, como por
exemplo a adição do vitricado, pintura por meio do uso de óxidos
minerais e tigelas com bases planas ncavas, com parte delas mantendo
as técnicas de manufaturas pré-colonial do acordelado (é recomendável
a realização de análises arqueométricas para sua conrmação), alisados
e antiplásticos.
A ampliação inicial desta proposta de classicação permitiu identicar
marcados padrões em relação a presença de uma técnica em comum,
o acordelado, mesmas matérias-primas, antiplasticos, tratamento
de superfície com pinturas negativas, engobes e alisados, pouca
variabilidade no que diz respeito a temperatura de queima, decorações
e tipos e formas tipicamente puruhás.
Para o caso dos materiais relacionados a produção europeia, temos
peças com decorações relacionadas a óxidos minerais, vitricado e
as formas também sofrem bruscas mudanças. Enquanto técnica, as
análises permitem identicar a manutenção do acordelado, levando
em consideração que o elemento colonizador classicamente tem como
técnica oleira o uso do torno para o modelado, permitindo supor que as
produções vericadas nos diferentes estudos e acervos são de caráter
local ou regional.
O conceito de antropologia das técnicas associado a compreensão das
cadeias operatórias diz respeito a identicação dos diferentes momentos
que compõem a confecção de um objeto, ou seja, as atividades que
tangem as escolhas culturais que serão intermediadas por uma técnica,
que vai desde os momentos da coleta da matéria-prima, adição de
antipáticos, seu uso social, descarte e possível reuso, que podem ser
conrmadas a partir da técnica analítica da tecnotipologia.
A identicação de uma técnica em comum aos materiais e a caracterização
dos diferentes momentos que tangem o fenômeno da manufatura
cerâmica podem ser considerados como uma forma de compreender os
comportamentos sociais e culturais, e mais do que uma descrição, como
uma narrativa técnica das relações entre seres humanos, matéria e meio
ambiente.
Esta proposta trata-se de um alcance supercial e inicial relacionada a
produção cerâmica Puruhá, que a sua vez será sucedida por sua aplicação
empírica associada a materiais procedentes de escavações e de coleções
descontextualizadas. Entendemos que sua aplicação permitirá identicar
as características a pouco descritas, e possivelmente as fases ou etapas
caracterizadas por Jjijon y Caamaño, San Sebastian o Guano, Elenpata
e Huavalac fazem parte de um horizontal cultural local, vericada pela
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repetição de padrões de tipos, formas, técnicas de manufatura e cadeias
operatórias de produção, que a sua vez, permitem inferir a presença
de uma tradição técnica em comum em uma história de larga duração
destes fenômenos, ou seja, a tradição arqueológica Puruhá, seguindo as
premissa da Arqueologia Americana e o clássico Method and Theory in
American Archaeolgy de Willey e Phillips (1963).
Deixando de lado as básicas tipologias especulativas, ademais de
apresentar-se como uma proposta que carece de uma aplicação completa
e de testes em outros acervos da mesma cultura Puruhá, esta metodologia
classicatória permite conrmar sua factibilidade ao englobar uma
marcada organização de classes e atributos, assim como a adição dos
conceitos da antropologia das técnicas e das cadeias operatórias, o que
possibilitará sua correlação junto a diferentes investigações, contextos
e acervos.
No âmbito da ciência arqueologia e sua intrínseca necessidade de
identicar mudanças e continuidades culturais, entendemos que o
principal resultando desta proposta é possibilidade de utilizar dados em
âmbito intrassitio, permitindo identicar fases em escala micro local,
para logo uma correlação inter-sítio que resultará em um horizonte
cultural, sempre e quando sua presença ocorra em escala mesorregional
com continuidade temporal, para por m, caracterizar uma tradição
arqueológica Puruhá em escala macro, vericada por uma marcada
continuidade enquanto fenômeno técnico, de cadeias operatórias de
manufatura e sociocultural no espaço e tempo.
DECLARAÇÃO DE CONFLITOS DE INTERESSES: Os autores
declaram não terem qualquer conito de interesse.
DECLARAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO DOS AUTORES E
AGRADECIMENTO: O primeiro autor é o autor principal do
artigo, os demais autores foram ordenados, em correspondência a sua
participação. A continuação, se menciona a contribuição de cada autor,
utilizando a Taxonomia CRediT:
- Alex Sandro Alves de Barros: Conceitualização, Análise formal,
Investigação, Metodologia, Administração de projetos, Recursos,
Validação, Visualização, Redação - broca original, Redação -
revisão e edição.
- Andrea Soledad Miniguano Trujillo: Conceitualização, Análise
formal, Metodologia, Redação-revisão e edição.
- Edwin Hernán Ríos: Análise formal, Metodologia, Redação-
revisão e edição.
- Ariel Ríos: Conceitualização, Análise formal, Metodologia,
Redação-revisão.
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Agradecemos a Universidad Nacional de Chimborazo, Equador
pelo apoio institucional relacionado ao funcionamento do Projeto de
Investigação denominado Laboratorio Interdisciplinar de Estudios
Humanos Paisajes y Saberes Ancestreles LabIEHPSA onde
realizamos o presente estudo, ao PhD. Christian Aguirre, diretor do
Projeto Arqueología del paisaje prehipánico de la microcuenca del río
Guano ESPOCH, de onde provém o material fulcro de nossa proposta
e ao Instituto Nacional de Patrimonio Cultural Zonal 3 pelo apoio
institucional destas atividades, assim como por gentilmente ceder
o acervo bibliográco relacionado as investigações arqueológicas
realizadas na Provincia de Chimborazo, Equador.
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